terça-feira, 22 de junho de 2010

Fotografia se aprende na escola?

Como disse no post anterior, a primeira vez que peguei numa câmera tinha 17 anos. Nunca tinha ouvido falar em abertura, velocidade, asa, profundidade de campo, isso só para citar o básico.
Fui aprendendo na prática, fotografando e experimentando  muito, e errando bastante também.
A partir do momento que decidi que queria ser fotógrafa, achei que uma escola seria o melhor caminho, já que eu sabia que tinha muito a aprender.
O Art Center College of Design foi a decisão certa. É uma escola, fundada em 1930 e conhecida por ter como objetivo principal  preparar o aluno a desafiar e enfrentar o mundo real, seja na publicidade, desenho industrial, artes plásticas, cinema ou fotografia. Ou seja, mesmo estando dentro do mundo das artes, você é incentivado a aprender a lidar com o mercado profissional.  No caso da fotografia, além de todos os cursos técnicos, você aprende também, história da arte e da fotografia, desenho e até cinema. Otto Stupakoff foi o primeiro brasileiro a se formar lá, em 1955.


o início da turma, 1980


Fiz a aplicação para a escola com um portfolio (pré requisito) de 12 fotos. As fotos não tinham tanto critério, afinal fazia pouco tempo que estava fotografando. Fui aceita e era isso que importava. Mas claro que chequei lá e estava com muito medo. Medo do tamanho da escola, medo de não conseguir me adaptar, medo de não entender os termos técnicos, medo da competição, medo da primeira aula. Mas ao mesmo tempo, tinha certaza de que estava no lugar certo. Vamos lá.
Confesso que penei no começo. Mas penei mesmo. Até o quarto trimestre, você só trabalha com P&B. São exercícios exaustivos, e detalhe, a maioria com uma 4X5.
Primeiro, nem sabia  que ainda se usava esse tipo de câmera. Comprei a minha, e quando tirei da caixa, fiquei olhando para a máquina e entrei em pânico. O que me deixava um pouco mais tranqüila, era que tinha muita gente se sentindo como eu. Logo na primeira aula, ouvi pela primeira vez termos como, chassis, chapas, báscula, fotômetro de mão, luz rebatida, enfim, medo de novo.
Mas claro, fui fazendo os exercícios, muita refação, mas no final sempre conseguia. Eram exercícios chatos, mas fundamentais. O teste do grey card , dos 9 negativos, luz/ sombra com iluminação tungstênio, só para citar o começo.


teste dos 9 negativos

teste do grey card

São 4 anos intensos, com muitas horas práticas e muito mais horas dentro do laboratório.
O bom da escola é a infra estrutura que oferecem. Estúdios completos com tudo que você precisa para fazer os trabalhos, laboratórios idem. E claro, ótimos professores, de todas as áreas. Alguns dos cursos: laboratório P&B e cor, iluminação, teoria e técnica da cor, retrato, composição, moda, produto, comida, arquitetura, foto jornalismo, fine arts, locação, e mais, conceito e design, tipografia, estilo, e até finanças. No último trimestre, fazemos um projeto com um estudante de design gráfico, criando uma campanha publicitária.
Quando me formei, em 1984, o computador estava chegando na escola. Então, hoje além do curso ter mudado de nome para Photography and Imaging, o currículo também mudou, ou melhor, foram adicionados cursos de digital e photoshop. 
Depois de 26 anos de formada, tenho certeza que a escola foi fundamental para a minha fotografia. Aprender, é bom, sempre. No ano passado, voltei a freqüentar cursos e palestras.
É importante escutar as pessoas, trocar idéias, compartilhar conhecimento, conhecer o trabalho de outros fotógrafos.


formandos, 1984

Essa discussão, se fotografia se aprende na escola ou não, é polêmica, mas eu acredito que, sem o conhecimento do princípio, da história, e da técnica, não se pode ir muito longe.
O que é indiscutível é o talento, o olhar. 
Isso não se aprende na escola.


Algumas das minhas primeiras imagens




Art Center College of Design        

Cursos no MAM                              

Fullframe                                       




4 comentários:

  1. Você é uma inspiração. Depois de ler este artigo, seu livro e site tive a certeza que estou no caminho certo. Desde o dia em que decidi ser fotógrafa, meus investimentos e minhas forças se voltaram para uma coisa: estudo, estudo e mais estudo. Acredito que sem conhecimento somos medíocres. O olhar, sem dúvida, é muita coisa para um fotógrafo, mas o básico da fotografia é fundamental. Se juntarmos estas duas competências, não existirão fronteiras.
    Que bom ter te conhecido no cafezinho da escola Full Frame. Bj. Viviana Terra

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  2. Fifi, acho que para tudo na vida é preciso uma boa dose de dom... Mas o conhecimento teórico/ técnico pode nos ajudar a saber o que fazer com isso, né?? Parabéns pelo blog, está lindo,uma real inspiração para todos, fotógrafos ou não! bjs Mô

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  3. Viviana, é essa sua certeza que vai te levar a encontrar o seu caminho na fotografia.Persista, bjs Fifi

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  4. Monica, que saudades. Pode ter certeza que o dom é fundamental.
    bjs, Fifi

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